Esse não é um post diretamente relacionado ao Propagandhi, mas ainda assim [ou talvez por isso (brincadeira)] é muito interessante ler. Como podemos ouvir no último podcast tivemos a participação de um convidado sudanês falando sobre a situação do seu país. Esta matéria é do site The Manitoban, fala sobre a situação do referendo no Sudão, eu traduzi, é uma ótima matéria. Para mais esclarecimentos a respeito do Sudão leiam a velha amiga wikipedia.
As pessoas no Sudão estão celebrando os resultados de um recente referendo sobre a independência do Sudão do Sul. Os resultados não foram surpresa – todos esperavam uma vitória convincente a favor da independência, e 98,8% da população que votou a favor da independência provaram aquilo. Agora que a eleição está completa, de qualquer forma, a difícil tarefa de dividir um país – um país que acabou de emergir de décadas de guerra civil – começa.
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O referendo sobre a independência foi uma condição do acordo de paz de 2005 que deu fim a quase duas décadas de guerra civil no Sudão entre os povos majoritamente árabes e muçulmanos do norte e os majoritamente africanos e cristãos-animistas do sul. O sul também é significativamente mais pobre do que o norte, apesar de ser terra da maioria das reservas de petróleo do Sudão. As tensões continuam grandes, e muitos temem que o referendo seja um catalisador para mais tensão e violência, e até um possível retorno da guerra civil.
Felizmente, os primeiros sinais parecem ser positivos. Numa visita a Juba, a capital do Sudão do sul, antes do referendo, o presidente Omar al-Bashir do Sudão estabeleceu um surpreendente tom conciliador, enfatizando que o Sudão estava preparado para um divórcio amigável e prometendo apoio ao sul mesmo que eles escolhessem a secessão. Al- Bashir tem sido elogiado por seu tom, e os Estados Unidos tem falado sobre remover o Sudão da sua lista de estados que suportam o terrorismo se ele reconhecer o resultado do referendo. Desde o referendo, parece que o Sudão irá fazer isso, como o presidente Bashir tem indicado que “nós aceitamos e recebemos estes resultados porque eles representam a vontade do povo do sul”.
Contudo, dividir um país nunca é um processo fácil. Este é particularmente o caso de que o Sudão do Sul é terra da maioria das reservas de petróleo do Sudão. O norte, de qualquer forma, contém a infraestrutura para transportar o óleo. Além do mais, devido a desconfiança gerada em duas décadas de conflitos e rivalidades inter-tribais locais, poderá haver conflitos na região.
De fato, antes do referendo, a Al Jazeera relatou que o norte parecia está rearmando as regiões das fronteiras com o sul, acusação que o norte nega veementemente. Enquanto o processo do referendo foi relativamente pacífico, houveram assassinatos locais e emboscadas, bem como conflitos na província de Abyei, uma região que terá seu próprio voto sobre se vai se juntar ao norte ou ao sul.
Apesar da currente euforia, o caminho a frente é um caminho difícil. O Sudão do Sul se tornará um dos países mais pobres do mundo – renda, saúde, educação e e segurança alimentar são todos de longe piores no sul do que no norte. Além dos pequenos desafios de escolher um hino e um novo nome, os sul-sudaneses também terão que desenvolver infraestrutura, combater a extrema pobreza e continuar a lidar com o trauma causada pelas duas décadas de guerra civil.
Contudo, esse também é um momento para esperança. Pela primeira vez em décadas, parece haver uma oportunidade para uma resolução pacífica para a violência que tem castigado a região. Trará fim a um legado bizarro de colonização britânica que misturou vários grupos étnicos e favoreceu uns em relação a outros. E esperançosamente irá capacitar o sul a vivenciar mais completamente os benefícios das receitas geradas com o petróelo em benefício do seu próprio povo.
Com o passar das próximas semanas e meses haverão provavelmente muitos momentos tensos no Sudão. Ainda faltam muitos detalhes a serem trabalhos entre agora e Julho. Mas muitos desses provavelmente serão a culminação de décadas de guerras e dificuldades para os sul-sudaneses, uma oportunidade para celebrar a criação do 193º país do mundo e um final não-violento para uma das mais mortíferas guerras na história da África. Esse é realmente um momento para celebrar.
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