Eu não aprovo a violência. Eu não acho que seja a forma ideal para nos levar a uma sociedade melhor. Acho que todas as pessoas sãs concordam. Céus, eu não apoio nem mesmo o vandalismo em “serviço” das mudanças sociais. Eu sou conservativo nesse aspecto. Mas a reação desproporcional (à cobertura desproporcional da mídia) à imagem de um carro queimando e algumas janelas quebradas na Cúpula do G20 em Toronto precisa ser colocada em perspectiva.
Eu não irei incomodar ninguém com o óbvio estudo comparativo de “violência” isolada de um punhado de manifestantes, contra a violência opressiva praticada dia após dia aos custos de milhões sobre milhões de vidas humanas pelos estados nacionais no mundo a fim de garantir os seus interesses geopolíticos. Tão simpes. Tão óbvio. Tão básico.
Eu irei, de qualquer forma, salientar que ao menos que você esteja numa situação de ser um alvo direto, fisicamente e psicologicamente da opressão e da força de guerra das ruas FINANCIADA PELOS SEUS PRÓPRIOS IMPOSTOS, pode ser difícil de entender a frustração e raiva que se constróem ao longo de uma tarde deixado sozinho ao longo de uma vida inteira.
Céus, vocês nem mesmo tiveram que ter experimentado isso diretamente. Apenas sentados em nossos sofás, almadiçoando o sistema de merda, nós todos sabemos que o estado tem um monopólio em violência suprema e um total controle. Caso contrário ele não existiria como ele existe, certo? As coisas seriam diferentes, porque nós levantaríamos dos nossos sofás e mudaríamos isso se nós estivessemos operando em condições de combate iguais. Mas não há igualdade de combate entre o estado e seus indivíduos. Cidadãos claramente não tem poder institucional suficiente para descarrilhar o comportamento sociopata da ordem vigente. Frustração e raiva é o resultado previsível.
Essa raiva e frustração é exacerbada quando você está contra cara a cara uma parede de policiais que estão encurralando alternadamente e provocando intencionalmente sua manifestação pacífica do outro lado pro canto, atirando balas de borracha em você, detendo e revistando você sem nenhuma causa, batendo em você com cassetetes, separando e prendendo os organizadores, representando manifestantes, atirando gás lacrimogênio na altura da sua cabeça intencionalmente, explodindo granadas de som nos seus ouvidos, permanentemende causando ferimentos no seu corpo com exposição à bombas químicas (todas baseadas em experiência pessoal, aliás) e então ter tudo retratado na mídia como se fosse VOCÊ que precisasse ser reprimido e punido no lugar dos megalomaníacos no outro lado da cerca que continuam a roubar e saquear o planeta para estes ofensivos partidos privados da elite global financiados com dinheiro público.
Nestas situações, uma pessoa só pode sentir futilidades antes da raiva delas atingir seu nível máximo, e um carro de polícia queimando ou uma janela de banco quebrado começar a parecerem muito atraentes. Sim estes são atos sem valor, mas o que esperar que as pessoas façam quando elas são tratadas como merda e o sistema de justiça nada faz para intervir do lado delas?
Claro, idealmente nós poderíamos todos nos colocarmos acima e visar um estado superhumano de limitação. Claro. E sim, idealmente eu também preferiria que as demonstrações fossem estritamente pacíficas (por razões estratégicas principalmente) e além disso, mais meios polarizados de demonstração e protesto e rompimento ocorridos do lado de fora dessas reuniões públicas (onde elas seriam mais efetivas).
Mas as pessoas que administram o estado de segurança nõa iriam deixar isso acontecer de qualquer jeito. Eles QUEREM violência. Eles provocam ela. Por que? Justifica os orçamentos absurdos. Deixa eles testarem e refinarem (e demonstrar ao resto da população) seus métodos de controle populacional eu um meio definido, se preparando para o dia que a merda realmente bater no ventilador e o estado da polícia finalmente deixar de lado qualquer pretensão de democracia. Por que mais eles teriam feito a cúpula na porra da baixa Toronto, onde a presença de manifestantes era absolutamente certa de ocorrer, ao invés de algum cruzeiro no atlântico onde isso poderia ser completamente evitado? Estes são essencialmente jogos de guerra sendo encenados com nossos centavos. E nós, as pessoas, somos os inimigos.
Então vamos tentar apenas manter as coisas em perspectiva quando a mídia corporativa habitualmente não cumpre e no lugar disso escolhe repetir material de carros de polícia estúpidos num laço por horas sem fim enquanto colocam legendinhas na tela.
Há bastante exemplos de material de vídeos de policiais provocando e mal tratando pessoas na cúpula do G20 circulando na net. Faça a você mesmo um favor e cheque esses vídeos e pergunte a você mesmo como você se sentiria se você estivesse no lugar daquelas pessoas recebendo aquele tratamento. Ou se fosse um membro da sua família.
Isso é tudo que eu tenho a dizer.
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Um ótimo post do Chris sobre a cúpula do G20 do ano passado, já é meio old mas enquanto não tem nenhum post novo achei legal traduzir esse. Falando em novidades o Todd disse no Facebook que o próximo Podcast está próximo de sair, aguardem.
