27 de janeiro de 2011

Entrevista do Beaver para o blog sunonthesand

Primeira tradução de entrevista que faço, essa é uma com o Beave, de 2009. É uma boa entrevista, então quem se interessar leia!

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Recém passado o lançamento do seu quinto álbum de estúdio, os canadenses do Propagandhi continuam impressionando os fãs de punk em todo lugar. O guitarrista David Guillas recentemente respondeu algumas questões para nós, a respeito de arte do disco, o crescimento em Manitoba, e é claro, política.


Olá Propagandhi, como vai?
Nós estamos bem! Obrigado por perguntar!

Qual de vocês está respondendo as questões?
É o Beaver (David “Space Beaver” Guillas – guitarrista)

Vocês têm um novo álbum, Supporting Caste, lançado em 10 de Março. Vocês receberam ótimos reviews dele de vários sites punks – você está orgulhoso da forma que ele foi recebido? Nos conte um pouco sobre o trabalho com Bill Stevenson (baterista e compositor do Descendents e do All).
É, de longe o álbum parece ter sido muito bem recebido. Nós trabalhamos duro neste álbum, gastamos meses e incontáveis horas trabalhando nas músicas e as gravando. Como qualquer coisa em que você investe uma incrível quantidade de tempo e empenho, inevitavelmente você olha pra trás e deseja ter feito algumas coisas diferente ou melhor. Mas estas são lições que nós podemos aplicar para o próximo álbum; é tudo processo de progredir e (espero) se tornar melhores músicos e compositores. E trabalhar com Bill foi definitivamente uma grande experiência. Bill e o seu parceiro de gravação Jason Livermore fazem uma dupla muito firme, e exceto pelos legendários peidos estarrecedores de Bill são verdadeiros profissionais, o que às vezes é um pouco intimidante, ao menos para mim. Mas eles são caras legais realmente e espero que eles não tenham se frustado tanto conosco.

Eu estou curioso a respeito de como vocês compõem canções que tem mudanças de tempo tão rápidas e constantes – elas são desse jeito por que a música segue as letras, ou vocẽs transformam as letras para encaixar nas mudanças?
Nós realmente não temos um processo estabelecido para compor músicas. Quando eu sento para escrever alguns riffs ou tento fazer uma música com os outros, eu não penso realmente sobre compassos ou qualquer coisa do tipo, apenas o que eu acho que soa bem. E eu acho que quando nós colocamos as diversas ideias que nós quatro colocamos na mesa juntos, você acaba com alguma coisa que é meio estranha, mas espero que seja bom!

O álbum tem algumas artes extraordinárias. De quem são as pinturas?
A capa é uma obra chamada “The Triumph of Mischief” de Kent Monkman, um artista aqui do Canadá. Ele tem alguns trabalhos muito provocadores de reflexão e alucinantes, então eu definitivamente checaria mais do material dele. Aquela pintura nossa comendo um cadáver humano foi feita por Todd. Aquilo caiu muito bem. Eu sempre rio quando eu vejo uma criança vestindo aquela blusa.

A arte da capa é fantástica – porque vocẽs a escolheram e o que você pensa que ela significa?
Bem, antes de tudo é uma pintura foda pra caramba. Mas ela tem um significado muito profundo e cada vez que eu olho para ela, eu percebo algo diferente e tiro alguma coisa nova dela. Eu acho, muito basicamente, é um comentário sobre o colonialismo e o seu legado, passado e presente. E esteticamente, ela parece quase como um pano de fundo para um cd foda, que é uma das razões que nós achamos que ela funcionaria com o título do álbum, Supporting Caste (Casta de apoio) . Para uma explicação inteligente da pintura, eu diria para checarem o que o próprio Monkman tem a dizer a respeito dela.

O CD tem uma cena de canibalismo bastante alegre pintada nele, ilustrando a canção 'Human(e) Meat', um olhar sarcástico na atual mania por comida “feliz”. Você se importaria de explicar para nós porque vocês são veganos?
A resposta simpes é que nós vivemos num mundo muito insano construído sobre uma base muito antinatural de crueldade que nós todos deveríamos nos sentir culpado de tal. No meu ponto de vista, viver um estilo de vida vegano é um esforço para recuperar nossa humanidade, extendendo compaixão e empatia para nossos parentes deste planeta. É provavelmente a melhor decisão que eu já tomei na minha vida.

Como você avalia ter crescido em Manitoba? Isso teve influência na sua visão política?
Eu acho que qualquer lugar em que você cresça influenciará na pessoa que você será. Mas para minha visão política, eu não tenho certeza o quanto viver em Manitoba a afetou. Eu cresci em uma cidade muito pequena onde “homens” tipicamente eram racistas cuzões que caçavam animais. Eu lembro que quando era criança achava que meu pai era um nerd porque ele não era grande, gordo, super racista e um caçador. Todos os outros homens ao meu redor eram estas coisas, e isso era o que eu queria ser por um tempo. Foi até eu me mudar para Winnipeg e meu bom parceiro Robbie me introduzir a algumas bandas punks com algumas ideias novas que ao decorrer da minha vida começaram a mudá-la profundamente para melhor. Então eu acho que música provavelmente teve mais efeito sobre minha visão política do que qualquer outra coisa.

Então, o que você acha a respeito do Primeiro Ministro do Canadá, Stephen Harper?
Cara de lagarto, um pedaço de merda criatonista com uma língua de merda.

Legal. E sobre Elizabeth II?
Decrépita e má viva personaficação de uma instiuição anacrônica insana.

Haha! Quanto esperançoso/cínico você está a respeito de Barack Obama?
Infelizmente, eu não estou nada esperançoso. Obama definitivamente parece muito menos lunático do que os idiotas que o precederam, mas isso não muda o fato que ele se tornou o representante de um sistema que é completamente fundido com e ditado pelos interesses das corporações. Eu temo que mudando a pessoa no comando a cada quatro ou oito anos nunca irá trazer as drásticas mudanças que esse mundo precisa desesperadamente.

'Last Will and Testament' e úm grande argumento para o ativismo. Você vê muitas evidẽncias de que os jovens estão se envolvendo mais com o ativismo?
Não tenho certeza disso. É difícil pensar assim quando em qualquer lugar que você vai vocẽ vê crianças plugadas nos seus Ipods ou nos seus celulares, completamente desengajadas do mundo real ao redor delas. Ou quando você testemunha o excessivo consumismo que parece possuir a mente de cada cara que você vẽ.

Nos conte um pouco sobre suas influências: quais são suas 5 bandas punks favoritas?
Agora: NoMeansNo, Fugazi, Bad Brains, Television, Gang of Four. Pra ser honesto, porém, a vasta maioria das minhas influências não são bandas punks.

Então o que você escuta quando não está escutando punk?
Exceto por NoMeansNo e poucas outras eu pouco escuto música “punk”. Bandas e músicos que eu amo, no momento incluem Rush, King Crimson, Opeth, Derek Trucks, Cynic, Brian Eno, AC/DC, Al di Meola, Mahavishnu Orchestra, The Alan Parsons Project, John Coltrane, Miles Davis, Eric Johnson, Jeff Beck, Joe Zawinal, etc.

Você seria bondoso nos recomendando um livro, um filme, e um álbum que você acha que nós deveríamos ver com mais atenção?
Eu li um livro há um ano atrás chamado O Mundo Sem Nós, que é muito convincente. Foi escrito por Alan Weisman e é uma reflexão experimental que postula um futuro em que cada humano de repende disaparece deste planeta e todas as nossas infraestruturas são deixadas a mercê das forças naturais deste planeta. É um poderoso lembrete da incrível resiliência da vida e a devastação que nós humanos somos capazes de fazer contra ele. Para um filme eu recomendaria, veja Predador. Seriamente um ótimo filme. E um álbum  que eu acho que todos que afirmam gostar de “punk” deveriám ficar atentos é o novo que será lançado pelo NoMeansNo dentro de um ou dois anos. Esses velhinhos criam música que é de longe mais interessante e poderosa do que qualquer uma destas bandas jovens que se auto entitulam “punk” de hoje desenvolvem.

Quando e onde será a próxima turnê de vocẽs?
Nós estamos no meio de uma turnê europeia enquanto eu escrevo isto. Nós tocamos 5 shows no Reino Unido e iremos tocar em Colônia, Munique, Soleura, Bolonha, Roma, Veneza e Praga na semana que vem ou mais. Depois disso nós iremos para o sudoeste dos Estados Unidos fazer alguns shows, então em Junho nós faremos uma turnê no meio-oeste dos EUA e sudoeste do Canadá. Eu acredito que nós voltaremos para a Europa em Julho, mas não tenho certeza onde exatamente nesse momento.

Para terminar, tem alguma coisa que você gostaria de tirar do seu peito?
Sim.. este cabelo abundante e nojento.



Por Garreth em 25 de Abril de 2009
Entrevista original: Clique aqui